Origem Histórica
Os Desbravadores na América do Sul
O Clube de Desbravadores foi oficializado em nível mundial no ano de
1950 pela Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Enquanto os Clubes recebiam nos EUA o nome de Pathfinder Club, em outros
lugares receberiam um nome compreensível na língua local, como Desbravadores
no Brasil, e Conquistadores em países de fala hispana, e muitos outros nomes ao
redor do mundo, porém, sempre usando os mesmos símbolos e programa.
Assim ocorreu em 1955, quando o primeiro Clube Sul-Americano teve início
na cidade de Lima, Peru, sob a liderança do casal Nercida e Armando Ruiz. Já no
segundo ano de atividades, o Clube peruano levou dez Desbravadores ao batismo,
através da classe bíblica. Era o início de uma parceria evangelística entre os
Desbravadores e as classes batismais que faria dos Clubes uma das mais
poderosas ferramentas de evangelização da igreja.
No final da década
de 50, o Pastor Jairo Tavares de Araújo, Líder da juventude adventista da
Divisão Sul-Americana, com sede ainda no Uruguai, preparou um pequeno manual
sobre como organizar um Clube de Desbravadores para incentivar a formação de
novos Clubes.
Peru
No início de 1955, o Diretor Departamental dos MV (Missionários
Voluntários), da então União Incaica (hoje União Peruana do Sul), e o Pr.
Donald J. Von Pohle apresentaram a novidade de que nos Estados Unidos fora
organizado o “Club Pathfinder”, um Clube com metas e objetivos que seriam de
grande ajuda no trabalho missionário em prol dos MV. Assim, entusiasmados, eles
se interessaram pela tarefa de organizar, na Igreja de Miraflores, um Clube
similar. Mas qual seria o nome?
Em uma reunião com os dirigentes da Igreja Adventista do Sétimo Dia de
Miraflores e com o Pr. Pohle, foi escolhido o nome de “Conquistadores”, para o
Clube e assim, em 4 de abril de 1955, com as Classes MV, foi organizado o Club
de Conquistadores da Igreja de Miraflores, Lima, Peru.
A primeira Diretora do Clube de Desbravadores foi a irmã Nercida de
Ruiz. Os Conselheiros fundadores, juntamente com Nercida, foram: Armando Ruiz,
Segundo Guerra, Enrique Velasco,
Lorenzo Ruiz,
Josefa Rojas, Carmen Villalobos, F. de Ruf e J. de Phill. Como integrantes
fundadores acrescenta-se, entre outros: Edwin Montenegro, Edith Ruiz, Esther
Gálvez, Nira Ruiz e Raúl Carrillo.
Chile
O Pastor Youngberg, que residia nos Estados Unidos, foi chamado, na
década de cinquenta, como Departamental JA da Associação do Sul do Chile. Ao
chegar ao Porto de Valparaíso, foi recebido, entre outros Jovens, por Jorge
Moyano e, posteriormente, levado para a cidade de Temuco, onde estava
localizado o escritório central da Associação.
O Pastor Youngberg impregnou a mente dos Jovens missionários da igreja
central da cidade com a ideia de iniciar o Ministério dos Desbravadores em
favor dos Jovens e crianças, como um “apêndice” da Sociedade de Jovens. O
objetivo era buscar mantê-los em comunhão com Cristo e ativos na igreja e, ao
mesmo tempo, pregar o evangelho de Jesus a outros de sua geração.
De acordo com a informação compilada, foi assim que, em 1956, nasceu o
primeiro Clube de Desbravadores, no Chile, com o nome de “Club de
Conquistadores de la Iglesia Temuco Central”. O primeiro Diretor foi Carlos
Pontigo, com a matrícula de 20 juvenis e com o apoio do casal Villalobos, como
Conselheiros. Posteriormente, o irmão Luis Fuentealba assumiu a direção do
Clube.
Em 1984, o Clube
foi dirigido por Alex González, criador do nome “Fuego del Llaima”, nome que
permanece até hoje.
Argentina
Na primavera de 1959, teve início o primeiro Clube de Desbravadores na
Igreja de Florida, Buenos Aires, Argentina. A primeira diretora foi Elvira
Weiss de Schmidt. Em 26 de outubro de 1960, foram iniciadas as atividades do
Clube do C.A.P. Libertador San Martin, Entre Rios. Seu Diretor foi Lucas
Schulz.
O dia 21 de julho de 1962 é considerado como a data da fundação do Club
Cachorros e Centinelas em Libertador San Martin, Entre Rios, Argentina,
formando o Clube C.C.C.
De 12 a 15 de outubro de 1972, foi realizado o primeiro Campori de
Conquistadores do Campo, na Associação Argentina Central, C.C.C., Libertador
San Martín, Entre Rios, Argentina. O Departamental era o Pr. Eloy Martínez.
De 12 a 15 de
outubro de 1978, foi realizado o primeiro Campori da União Austral, em Tandil,
Buenos Aires, Argentina. O Departamento da UA era o Pr. Victor Peto.
Brasil
No final da década de 50, o Pr. Jairo T. Araújo, Líder da juventude
Adventista da Divisão Sul-Americana, com sede ainda no Uruguai, preparou um
pequeno manual sobre como organizar um Clube de Desbravadores, e isso provocou
o desenvolvimento paralelo de Clubes de Desbravadores em lugares do Brasil como
Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em Santa Catarina e São Paulo, nasceram em 1959 os primeiros Clubes de
Desbravadores do Brasil.
Em 1958, o Pr. Henry R. Feyrabend veio como missionário do Canadá para
Santa Catarina. Trabalhou como Departamental de Jovens utilizando material em
inglês que havia trazido de seu país e começou a visitar as igrejas de Santa
Catarina falando sobre a importância do Clube de Desbravadores. Do inicio de
1959 até 1960 ele fundou 7 Clubes, sendo o primeiro o Clube Vigilantes, de
Lajeado Baixo, e o primeiro Diretor foi Haroldo Fuckner. Alguns anos mais
tarde, foi a primeira vez que a Revista Adventista, em dezembro de 1975,
noticiou um Campori. Os mais de 300 Desbravadores estiveram sob a liderança dos
Pastores. José Maria Barbosa e Jason McCraken.
Em Ribeirão Preto, os membros que comporiam a diretoria do Clube foram
escolhidos, e a primeira reunião oficial aconteceu num domingo pela manhã, no
pátio da antiga igreja central,
quando foram
inscritos 23 juvenis no Clube que foi chamado de Pioneiros e cujo primeiro
Diretor foi Luiz Roberto Freitas. Em 1961 o Pr. Wilson Sarli, Departamental MV
de São Paulo, trouxe para Ribeirão Preto o lenço, as insígnias, o voto e a lei
dos Desbravadores, oficializando o Clube.
Uruguai
O primeiro Clube de Desbravadores do Uruguai foi fundado na Igreja do
Instituto Adventista do Uruguai, na cidade de Progreso, Departamento de
Canelones, em 1961, pelo pastor John Youngberg, que era o Departamental de
Jovens.
Os primeiros dirigentes do Clube foram: Alda de Geisse, professora da
escola do IAU, María Ester de Lutz, Bartolo Marcos e Eduardo Gordienko.
O primeiro Campori
foi por volta de 1964, em Montevidéu, no parque La Republicana, com outros
Clubes que também acabavam de começar suas atividades, como Las Acacias y
Central, de Montevidéu.
Bolívia
Em julho de 1970, na Igreja Adventista de Villa Copacabana, na Cidade de
La Paz, nasceu o primeiro Clube de Desbravadores, “LUCERO”, que contava com
nove Desbravadores.
O primeiro Diretor do Clube foi o Professor Mario Orellana. A abertura
do Clube foi autorizada pelo Departamento de Jovens Missionários Voluntários
(JMV) da Missão Boliviana Adventista, cujo departamental era o Professor
Alfredo Quiroz.
A primeira investidura foi realizada no mesmo ano, 1970, e esteve a
cargo do Professor Pocoaca e da irmã Elizabeth de Pocoaca. Foram investidos oito
participantes do Clube nas Classes preliminares: Abelhinhas Laboriosas, Raios
de Luz, Construtores e Mãos Ajudadoras.
O primeiro acampamento do Club Lucero foi realizado entre Unduavi e
Chulumani, “Chirca”, de 4 a 7 de agosto de 1971.
O primeiro Campori
da União Boliviana foi realizado em agosto de 1998, em Tuscapugio – Cochabamba,
com a participação de 550 Desbravadores, liderados pelo Pr. Amando Pardo.
Equador
Em 1973, o Pr. Robert Holbrook chegou a Guayaquil como Departamental, e
seu objetivo foi desenvolver o Ministério de Desbravadores no país. Realizou
seminários de como fundar um Clube. Ele ministrou cursos de liderança,
apresentou os cartões das Classes, organizou caminhadas e orientou os
Desbravadores na realização das Especialidades.
Em 1974, o primeiro Clube de Desbravadores organizado foi o Eben Ezer,
em Guayaquil, com a presença do Pr. Robert Holbrook.
Em 1998, de 30 de
setembro a 2 de outubro, foi realizado no CADE, o I Campori Nacional, com o
lema “Virá um Novo Tempo”, contando com a presença do Pr. José Maria Barbosa,
Departamental da DSA.
A
expansão dos Clubes
Muitos heróis
colaboraram nos primórdios e no desenvolvimento dos Desbravadores. Alguns deles
foram heróis anônimos que lutaram sem muito reconhecimento apesar de sua inestimável
contribuição; outros são personalidades mais conhecidas devido ao momento e
expressão pública de sua participação.
Dos
acampamentos de verão aos camporis
Pode-se aprender muito com a história dos acampamentos para juvenis e
Desbravadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sua história se mistura com a
própria história dos Clubes. Assim como as peregrinações do povo de Deus, esses
acampamentos são repletos de histórias de oração, superação, liderança colocada
sob prova, persistência e fé.
A história do primeiro acampamento de verão, além de preceder os futuros
acampamentos de Clubes de Desbravadores, nos serve como inspiração para que não
desanimemos diante das dificuldades de estabelecer o programa dos
Desbravadores.
Em 1926, o Pr. Grover Fattic, Secretário MV em Michigan, decidiu que era
o momento para a igreja ter um programa de acampamentos de verão voltado à
meninos e meninas. Fattic levou o pedido de um acampamento muitas vezes à
Associação do Leste de Michigan, que sempre respondia negativamente, mas
depois de tanta insistência dele, a Associação concordou em permitir, desde
que a responsabilidade financeira fosse apenas de Fattic. Sem apoio, mas com a
permissão da Associação, o Pr. Fattic recoltou a promessa de 200 dólares de
dois membros da igreja, finalmente, convidou o Pr. Gordon Smith, Secretário MV
da União Lake, para ajudá-lo. Fattic encontrou um local para o acampamento no
lago Town Line, de bela natureza, mas sem estrutura de camping ou para férias.
Havia apenas uma pequena e velha cabana que poderia servir de cozinha, mas
nenhum local para dormir, e Fattic não possuía barracas.
John Hancock, historiador e pioneiro dos Desbravadores, escreveu que o
pastor Fattic era um homem baixinho, mas tão determinado que quando tinha uma
ideia ninguém podia detê-lo. Sabendo que a comissão da Associação tinha
expressamente determinado que eles não ajudariam em nada, ainda assim Fattic
procurou o presidente para pedir as tendas de evangelismo público emprestadas.
A história diz que ele humildemente clamou pelas tendas como quem pede por sua
vida e comoveu o presidente Pr. J. F. Piper, que não só lhe deu as tendas, mas
um caminhão da Associação para transportá-las.
Durante os preparativos, mais pessoas se uniram à equipe de Fattic para
ajudar a cuidar das crianças durante o verão; agricultores deram muitos gêneros
alimentícios e ajudaram a montar as tendas. Naquele primeiro acampamento,
somente meninos participaram, devido à pouca estrutura que se podia oferecer.
Durante a longa jornada ao acampamento, os pastores Fattic e Smith estenderam-se
noite adentro percorrendo uma trilha que fez o caminhão atolar duas vezes. Cada
vez que atolava, um enorme esforço tinha que ser desprendido para descarregar
tudo, aliviar o peso, desatolar e carregar tudo novamente.
Na manhã seguinte, muitos pais viram a situação precária e ficaram
assustados com a possibilidade de seus filhos adoecerem, perderem-se no mato,
se afogaram e até de passarem fome. Desconfiados, muitos pais simplesmente levaram
embora seus filhos, e Gordon Fattic ficou com apenas dezoito garotos naquele
mês de junho de 1926.
Apesar de tudo, aquele foi um acampamento maravilhoso onde os garotos
exploraram a natureza e se divertiram no lago. No entanto, um dia, quando Fattic
tocou o apito para chamar os garotos, três deles estavam faltando. Depois de
muito procurar, o temor de que o pior podia ter acontecido chegou a todos, mas
Fattic os achou depois de um tempo, em plena segurança, deitados embaixo de uma
plantação de amoras de um terreno vizinho, empanturrados! Fattic e os garotos
também descobriram o poder da oração quando clamaram para Deus remover uma
nuvem de mosquitos que ameaçava o local. Este primeiro acampamento virou
notícia e deu oportunidade para outros surgirem, inclusive perto dali, em
Julian, no acampamento dirigido por Guy Mann, John MacKin e o Pr. L. A.
Skinner, local onde surgiria a história e o nome dos Desbravadores.
Quando os Desbravadores surgiram, não demorou muito para que os Clubes
tivessem seus primeiros encontros. Primeiro, vieram as feiras, como em Dinuba,
Califórnia, em 23 de setembro de
1951, até que, em 1954, a ideia de camporis foi introduzida em
Idyllwild, no sudeste da Califórnia, evento coordenado pelo Líder de Jovens da
Associação local, Charles Martin, e seu Associado, Harry Garlick. Antes disso,
já haviam ocorrido acampamentos com mais de um Clube, mas ainda não no formato
e com o nome de campori.
As primeiras experiências com acampamentos de Desbravadores estiveram
presentes nos primórdios dos Clubes e do entendimento deste programa por nossos
pioneiros.
Essas experiências, produzidas em nossos primeiros camporis, deram
início a dezenas de outras que se seguiram diante do crescimento dos Clubes,
até que o fim dessa fase pioneira ocorreu com o amadurecimento do programa ao
ser celebrado o I Campori da Divisão Sul-Americana, organizado pelo Pr. Cláudio
Belz, em Foz do Iguaçu, PR, Brasil, entre os dias 28 de dezembro de 1983 e 4 de
janeiro de 1984.
I Campori da Divisão Sul Americana (1983-1984)
V Campori da Divisão Sul Americana (2019)
Conclusão
A história dos
Desbravadores no mundo e na América do Sul foi feita por homens e mulheres que
amavam os juvenis e desejavam sua salvação; homens e mulheres que viram no
Clube um método promissor de evangelismo juvenil e que anteviram a formação de
toda uma geração de líderes. Esta história é construída com a mão de Deus
levando Seus servos através das “florestas” do medo e da incompreensão, onde
estes primeiros heróis literalmente desbravaram novos rumos para a igreja e
pagaram com sacrifício pessoal, entregando seus anos de Ministério, seu tempo
livre, dinheiro e por vezes a atenção de sua própria família. Alguns deles são
mais conhecidos, mas o legado que nos foi deixado também vem de centenas de
desconhecidos que dedicaram tardes de sábado, manhãs de domingo, férias e seus
feriados no programa mais completo e abrangente que a Igreja Adventista do
Sétimo Dia já produziu.
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