terça-feira, 13 de agosto de 2019

I Campori da Divisão Sul Americana


I Campori da Divisão Sul Americana

“Da Natureza ao Criador”

Foz do Iguaçu - Paraná - Brasil

28 de Dezembro 1983 a 04 de Janeiro de 1984

Diretor Geral: Pastor Claudio Chagas Belz




Passavam-se alguns minutos das 16 horas de quarta-feira, 28 de dezembro. Depois de longa viagem aérea que o trouxera a Foz do Iguaçu, PR, o Pastor Léo Ranzolin, líder mundial dos jovens adventistas, encontrava-se novamente no ar, desta vez a bordo de um helicóptero de pequeno porte. Momentos antes de sobrevoar as majestosas cataratas do rio Iguaçu, o piloto ao seu lado apontou para uma área à esquerda, pontilhada por centenas de barracas. Um pouco mais à direita do enorme acampamento, estendia-se um verdadeiro exército de desbravadores, disposto em pequenos pelotões, devidamente perfilados.


Abertura do I Campori da Divisão Sul Americana

Após certificar-se da existência de uma área para pouso, o piloto desceu o aparelho nas proximidades de um palanque, sobre o qual transcorriam as cerimônias de abertura do I Campori da Divisão Sul-Americana. Ao emergir da cabine, o Pastor Ranzolin foi cumprimentado pelos principais líderes de desbravadores da América do Sul, e saudou em seguida os 3.500 desbravadores que, estupefatos, assistiam à chegada de um de seus líderes mundiais.
O clima naturalmente era de expectativa. Afinal, pela primeira vez desde a fundação do primeiro Clube Sul-Americano de Desbravadores, no ano de 1955, em Lima, Capital Peruana, juvenis dos oito países que compõem a DSA convergiam para um mesmo local a fim de realizar seu primeiro campori continental. Promovido pelas Uniões Austral, Chilena, Incaica, Este-Brasileira, Sul-Brasileira e Norte-Brasileira, o evento visava proporcionar um intercâmbio cultural, informativo, espiritual, social e técnico entre os desbravadores do Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru e Equador, e ainda fortalecer sua fé e confiança na Igreja, ao oferecer-lhes uma visão da internacionalidade da religião que abraçaram.

Maturidade e Determinação Embora já venham sendo realizados há algum tempo em outros continentes, os camporis a nível de Divisão foram intensificados nos últimos cinco anos, como informou o líder mundial dos desbravadores, Pastor Michael Stevenson, presente a este Campori e bem-impressionado com a maturidade dos clubes de desbravadores sul-americanos.

Mas além da maturidade organizacional e estrutural requerida para montar um evento de tal porte, os juvenis deram uma verdadeira demonstração de coragem e determinação antes de poder participar do Campori. Os representantes do Equador, por exemplo, empreenderam uma estafante viagem de 10 dias para atingirem Foz do Iguaçu. Para os que vieram da União Incaica, a participação no Campori custou nada menos do que três salários mensais de seus pais. Os esforços não foram menores para a delegação de Manaus, AM, que atravessou o país de ônibus em exaustivos cinco dias de viagem.

Mas cansaço e indisposição não transpareceram durante as atividades que se prolongaram de 28 de Dezembro de 1983 a 4 de Janeiro de 1984. Tampouco as instalações improvisadas, ou o calor que insistentemente beirava os 40°C, perturbaram o andamento normal das programações, embora os casos de desmaios fossem frequentes e a equipe de oito médicos e enfermeiros do hospital de campanha estivesse permanentemente ocupada.

Desde as 6:00 horas, quando o acampamento despertava ao toque do clarim, até às 22:30, hora em que os acampantes se recolhiam às suas barracas, o dia era preenchido por uma programação intensa que envolvia os participantes em atividades espirituais, recreativas, cívicas e culturais.

Logo após cumprirem o ritual de higiene matinal, os clubes reuniam seus integrantes para estudarem a lição da Escola Sabatina. Seguia-se o desjejum, preparado pelos próprios clubes, após o que todos os desbravadores, rigorosamente uniformizados, participavam da solenidade de Formatura. Essa cerimônia, que se prolongava por 45 minutos, constava de hasteamento das bandeiras, revista aos clubes, troca de oficiais e adjuntos, leitura da Meditação Matinal, uma breve mensagem pastoral, e a apresentação do boletim do dia.

Os 60 minutos seguintes destinavam-se à limpeza e arrumação do acampamento, enquanto alguns líderes inspecionavam as barracas e cozinhas de cada clube. Em uma dessas inspeções, o Pastor Michael Stevenson explicou que a vistoria tinha por finalidade verificar as condições de higiene e a organização nas cozinhas, a quantidade de alimento disponível, a qualidade das instalações e se estavam sendo devidamente utilizadas.


Diariamente, a qualidade da alimentação era aferida pelo Pastor Michael Stevenson



Mas entre uma e outra entrevista com as cozinheiras, para saber qual seria o cardápio do dia, o Pastor Stevenson também aferia a qualidade do ambiente. Em determinado momento da inspeção, por exemplo, pediu a um ajudante de cozinha que desligasse seu rádio que, sintonizado numa música um tanto estridente, "estava causando poluição sonora".



O clube coreano de Assunção, Paraguai, improvisou a cozinha a partir de material silvestre

O horário das 10 às 11 horas era cada dia preenchido por uma atividade diferente, geralmente constando de relatórios e apresentações de atividades previamente desenvolvidas pelos clubes, desde especialidades a trabalhos missionários.

À tarde, grupos de aproximadamente 1.000 desbravadores participavam de atividades recreativas, passeios turísticos ou competições esportivas. Todos os 104 clubes participantes, enfim, puderam, no decorrer de quatro dias, competir nas brincadeiras de lançamento de sapatos, relevo de água, corrida de jacaré, flexão de tronco, fazer demonstrações de ordem unida, competir com outros clubes nas corridas de 100 e 200 metros, e no lançamento de ovos. Houve ainda a oportunidade de visitar as cataratas de Foz do Iguaçu e a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo.



As "torcidas" comparecem em peso aos eventos esportivos. 

Por ocasião da primeira visita à hidrelétrica, os desbravadores, acompanhados pelo Pastor Léo Ranzolin, entregaram uma placa de agradecimento aos representantes da Itaipu Binacional. Em seguida, o grupo foi conduzido através da usina por Amority Prochmann, assessor de relações públicas da entidade, que prestou informações sobre o funcionamento da usina, sua capacidade, etc. Ao final da visita, que também constou de apresentação audiovisual, os desbravadores do Clube de Desbravadores Luzeiros do Vale, de Jacareí – SP, fizeram uma demonstração de Ordem Unida, dedicando depois uma oração em favor do empreendimento, perante o Sr. Prochmann.

Após o "Maná de Daniel", como se convencionou chamar o jantar, as programações do dia culminavam c om apresentações especiais das Uniões.

Dirigidas pelos próprios departamentais, representantes de cada União exibiam aspectos históricos e folclóricos de suas regiões de origem, assim como relatos do surgimento e atuação dos desbravadores no seu país.

A União Austral, integrada por argentinos, uruguaios e paraguaios, apresentou uma mostra, por meio de slides e dramatizações, da história dos desbravadores naquele Campo, e das características de cada país representado — paisagens, trajes típicos e músicas folclóricas.

Muito aplaudidos, os representantes da União Sul iniciaram seu programa com um desfile de roupas típicas características de todos os sete Estados do Campo. Aproveitando a passagem do ano, o programa constou ainda de uma encenação enfocando o próprio tema do Campori, "Da Natureza ao Criador", que salientava o sentimento de gratidão a Deus pelas maravilhas concedidas no ano que findara. Ao final, um enorme balão iluminado, com o formato do triângulo dos desbravadores, subiu ao céu, compondo um espetáculo de impressionante efeito visual, que chegou a ser transmitido em cadeia nacional pela Rede Globo de Televisão.

Destacou-se na apresentação da União Este-Brasileira, a exibição das tradicionais baianas, e da luta capoeira, uma manifestação comum nas antigas senzalas dos escravos. Jangadeiros do Ceará e Caboclos do Amazonas foram os personagens principais retratados pela União Norte Brasileira. Um audiovisual forneceu também uma visão das belezas daquela imensa região, e destacou a atuação dos desbravadores no contexto social dos Estados nortistas.

Ao som de instrumentos musicais andinos — zampona, charango e violão — os desbravadores da União Incaica musicaram as tradições de seus povos, culturalmente divididos por três faixas geográficas: litoral, serra e selva amazônica. Juvenis do Equador, Peru e Bolívia desfilaram exibindo trajes típicos, desde a sumária tanga usada pelos índios da Amazônia, ao pesado poncho, mais comum entre os indígenas dos altiplanos andinos. Com notável criatividade, a pequena delegação chilena — apenas 80 integrantes — dramatizou a Criação, valendo-se de efeitos especiais produzidos por fogos de artifício, para depois retratar a trajetória do povo chileno até o Criador. Segundo a dramatização, o percurso fora iniciado pelos indígenas, através da adoração a seus deuses, passara pelas campanhas de catequização empreendidas pelos conquistadores espanhóis, e culminara com a disseminação da mensagem do advento.

Ao final, enquanto num painel especial o retrato de Cristo era desenhado com fogo ao lado da palavra "Vem", juvenis agitando bandeiras dos países representados no Campori, desciam da plataforma e misturavam-se com a plateia, enquanto entoavam uma canção que conclamava à unidade dos povos Sul Americanos. Não contendo suas emoções, a ala dos desbravadores brasileiros respondia com a ovação: "Chile! Chile! Chile!"

Todos os programas das Uniões eram seguidos por 15 minutos de mensagem pastoral, encerrando as atividades do dia.

Pausa Espiritual
As programações diárias foram, naturalmente, distintas na sexta-feira à tarde e no sábado. Após o culto de pôr-do-sol, os acampantes ouviram uma pregação do Pastor Stevenson, que esclarecia sobre o significado do arrependimento cristão, e a consequente garantia do perdão divino.

O recado foi oportuno, uma vez que no dia seguinte a programação culminaria com uma cerimônia que simboliza a maior demonstração de arrependimento: o batismo. Logo após a inauguração da piscina da sede de acampamentos da Associação Paranaense, onde se realizou o Campori, noventa e dois juvenis, representando todas as delegações, foram imersos nas águas batismais pelas mãos de 12 de seus lideres.

A noite de fim de ano teve início com ênfase espiritual, ditada pela pregação do Pastor Israel Leito, departamental J.A. da Divisão Interamericana, um dos convidados de honra. Em seguida o clima de descontraiu, para dar lugar à festinha de ano novo, consistindo de uma brincadeira entre dois clubes.


A julgar pelos comentários que se ouvia nas ruas, lojas e ônibus da cidade de Foz do Iguaçu, durante o período de oito dias em que se realizou o Campori, o evento não passou despercebido de seus habitantes e até das levas de turistas que nessa época invadem a cidade. Ônibus especiais transportando desbravadores e exibindo a insígnia J.A., desfilavam constantemente por suas ruas, e boa parte dos eventos esportivos tiveram lugar nas dependências do 34º Batalhão de Infantaria, localizado bem no centro da cidade.

Porém, o que realmente a julgar pelos comentários que se ouvia nas ruas, lojas
Agitou, Foz do Iguaçu, foi o desfile festivo com que os desbravadores brindaram a população na segunda-feira, 2 de Janeiro. Aberto pela banda do 34° Batalhão, o desfile se prolongou por mais de duas horas, atraiu alguns milhares de espectadores e fechou o comércio da Avenida Brasil, principal da cidade.

Couro de jibóia abre o desfile da delegação de Manaus. 


Apoiadas por suas fanfarras, todas as delegações exibiram o que de melhor haviam aprendido sobre ordem unida, perante um palanque especialmente montado para a ocasião, de onde eram presenciados por seus lideres mundiais e por diversas autoridades da cidade, destacando-se o prefeito Clóvis Cunha Viana e o Ten. Cel. Menescal, comandante do 34° Batalhão.




Especialmente convidada, a pequena delegação de Porto Rico exibiu notável sincronia e disciplina em suas marchas. 

Impressionado com o padrão de ordem unida e disciplina apresentado pelos clubes, notadamente pela delegação especialmente convidada de Porto Rico — Ilha Antilhana — e a de Manguinhos, no Rio de Janeiro, o Ten. Cel. Menescal afirmou estar maravilhado com o espetáculo de civismo, amor à Pátria e a Deus que acabara de assistir. Com efeito, sua simpatia pelos desbravadores se traduziria também por seu apoio aos coordenadores do Campori, cedendo as instalações militares sob seu comando, para a realização de vários eventos.

O desfile produziu ainda um notável efeito promocional em favor do clube de desbravadores local e, por tabela, para a própria igreja. Logo após o término da solenidade, mais de 20 pais procuraram saber como poderiam inscrever seus filhos no clube local.

Entusiasmado com a imagem positiva dos adventistas que o Campori projetou na cidade, o distrital de Foz do Iguaçu, Pastor Aerce Marsola, estará dirigindo uma série de conferências evangelísticas, tão logo a construção do novo e amplo templo seja concluída. E os desbravadores serão estrategicamente utilizados para proceder à distribuição dos convites.

A idéia de aproveitar o potencial dos desbravadores na tarefa de evangelização ganhou vulto durante o Campori. Se depender do líder de desbravadores e jovens para ã Divisão Sul-Americana, Pastor Cláudio Belz, será formado este ano, 105 novos evangelistas-mirins, que se valerão do programa "A Voz Juvenil", para divulgar a mensagem entre o público adolescente.

Uma demonstração do que são capazes os desbravadores já foi dada durante o próprio evento. No último dia de atividades, cada clube teve de simular uma conferência evangelística, como parte da avaliação a que foi submetido durante o Campori.

Os líderes das Uniões, DSA e Associação Geral: (da esq.) Pastores Alejandro Bullón (Unieste), Arôvel Moura (Uninorte), Sérgio Celis (Chilena), Michael Stevenson (diretor mundial dos desbravadores), Cláudio Belz (DSA), Léo Ranzolin (líder mundial dos J.A.), José Maria Barbosa (Unisul), Jorge Matias (Incaica), e Cláudio Martin (Austral). 

Nesse mesmo dia, os departamentais da Associação Geral, DSA, e os convidados da Divisão Interamericana, foram conduzidos pelo Pastor Cláudio Martin, diretor dos desbravadores na União Austral, através do "arraial" de sua delegação. Durante a visita, ficou patente o desenvolvimento considerável na arte de acampar, atingido pelos desbravadores daquela União. Torre de observação, ducha para banho, cercas, tudo improvisado com materiais extraídos da mata adjacente ao acampamento, foram alguns dos utensílios que impressionaram os visitantes, por sua criatividade.

Mas, se a arte de improvisação não alcançava esse nível de desenvolvimento entre as fileiras brasileiras, estas a União Sul em particular  se destacavam pela perícia que exibiam nas demonstrações de ordem unida, assim como na padronização impecável de seus uniformes.

A constatação de tais diferenças, na realidade, foi uma das lições extraídas pelas lideranças, que agora dispõem de algum referencial para conduzir os clubes de seus Campos à uniformização de enfoques preconizada pela Divisão Sul Americana.

Demonstrando-se otimista com a possibilidade de surgir um novo equilíbrio entre os clubes sul-americanos, o Pastor Cláudio Belz apela aos líderes que não participaram do evento, para que se sintonize com a nova filosofia que está sendo implantada, por intermédio daqueles que puderam presenciar o Campori.

A busca de uniformidade foi uma preocupação comum a todos os líderes das Uniões. "À União Incaica faltava um padrão de comparação, que agora passamos a ter", esclareceu o líder de desbravadores do Campo, Pastor Jorge de Souza Matias. "Até agora, a ênfase das atividades tem se dado na área espiritual, através da manutenção de conferências evangelísticas e classes batismais, seguindo-se logo depois o desenvolvimento de especialidades", prosseguiu o Pastor Matias. O líder revelou ainda que devido à receptividade das autoridades peruanas com relação às atividades dos desbravadores, a delegação peruana estava representando seu país oficialmente no Campori, por força de um decreto ministerial. Assim, na qualidade de diplomatas, os desbravadores foram isentos de pagar a taxa obrigatória para sair do país.

Separados dos demais clubes por longas distâncias, os integrantes da União Norte-Brasileira tiveram uma verdadeira aula de relações humanas, segundo definiu seu líder, Pastor Arôvel Moura. Fortes no trabalho missionário e prestação de atendimento à comunidade — como ficou patente durante os momentos críticos da seca que tem afligido o Nordeste — os desbravadores nortistas compareceram ao Campori “compondo uma caravana de 142 integrantes”. E voltaram para seus Estados com uma nova noção das possibilidades que poderão desenvolver em seus clubes, e dos materiais que faltam para equipá-los devidamente,

Maior importância à padronização dos uniformes e ao desenvolvimento da ordem unida foram os principais valores aprendidos pelos 31 clubes que compunham a delegação da União Austral. Mas, além disso, "percebemos um espírito de confraternização, despojado de preconceitos, por parte dos desbravadores brasileiros", atesta o Pastor Cláudio Martin. "Voltamos para nossos países com um profundo sentimento de gratidão pelas amostras de gentileza e amor cristão."

Para o Pastor Sérgio Celis, líder dos desbravadores na União Chilena, o encontro constituiu uma evidência de que os clubes são uma força poderosa na América do Sul. "Nossos desbravadores voltam renovados, cheios de entusiasmo depois desta experiência de companheirismo e unidade", garante. Seu entusiasmo transparece também em seus projetos, que preveem para este ano um aumento de quase 100% sobre os atuais 1.100 desbravadores chilenos. E para 1985, programa a realização do primeiro campori que irá reunir os clubes de todo país.

"O Campori foi um acontecimento histórico", resume o Pastor Alejandro Bullón, diretor dos desbravadores na União Este-Brasileira. "Há cinco anos, não passa
va do âmbito dos sonhos. Hoje é uma realidade. “Por ai percebe-se o tremendo desenvolvimento dos desbravadores nestes últimos anos.”. Sem ter conseguido ainda montar um campori em nível de toda a União, o Pastor Bullón vê nesse evento uma de suas principais metas. Através da realização de cursos de liderança, ele pretende estruturar os clubes para que possam promover um campori em cada Campo da Unieste, ainda este ano. E para 1985, então, espera reunir todos os Campos num evento conjunto.

Comprometido com a responsabilidade de montar o Campori em seu território, o Pastor José Maria Barbosa, diretor dos desbravadores na União Sul-Brasileira, sentia-se aliviado pelo fato de o encontro ter transcorrido em clima de normalidade. Mas entre suas preocupações com o andamento do programa, o Pastor José Maria pôde perceber que o Campori serviu como uma "grande escola" para os seus desbravadores. "Aprendemos que precisamos nos aperfeiçoar na arte de acampar", explica. Dirigindo o contingente mais expressivo de desbravadores em toda a América do Sul — com cerca de 140 clubes organizados — o líder da USB tem por metas a criação de um clube por igreja do Campo, e a realização do seu terceiro Campori, já para o próximo ano.

Mas, e os desbravadores? Oual a importância que o evento teve para eles?

Interrompido enquanto exercitava seu recém-aprendido portunhol com conquistadoras peruanas, o mineiro Moisés Ribeiro, 16 anos, depunha: "Estou impressionado com a disponibilidade de nossos líderes em nos atender, assim como com a oportunidade que todos tiveram de participar ativamente das programações. Pude perceber também que em qualquer parte do mundo, os adventistas testificam da mesma fé, têm a mesma doutrina. Saí fortalecido espiritualmente."

"Embora não falemos todos a mesma língua, nos entendemos. Sinto-me como se estivesse em casa, unido aos demais pelo companheirismo espiritual", explicava Daniel Marianski, 14 anos, de Missiones, Argentina.

Para Rosa Apolin, 23 anos, valeu a pena ter viajado durante oito dias, desde Lima, no Peru, para participar do Campori. "A experiência de confraternização entre os diversos clubes foi muito instrutiva. Fiquei impressionada com o nível dos programas apresentados, e vislumbrada com os passeios que realizamos.”.

"Para mim esse encontro foi valioso, por ver que jovens de diferentes países abraçam o lema 'o amor de Cristo nos constrange'", depôs emocionado Juan Ancieta, 30 anos, natural de Calama, norte do Chile. "A demonstração de unidade entre os desbravadores sul-americanos foi muito tocante."  

Já Gandêncio Fernandes, 17 anos, de Itacoatiara, AM, achou que "a experiência fora de casa, o surgimento de novas amizades, o contato com os líderes de outros países", foram os pontos altos do acampamento.

Falando com certa timidez, Elide Venturini, 19 anos, de Umuarama, PR, reforçava a opinião mais comum entre seus colegas. O intercâmbio entre jovens de tantos países, demonstrando os mesmos ideais, não obstante, serviu para fortalecer sua fé.
Na verdade, esse foi um dos efeitos já esperados pelos líderes de desbravadores presentes. "Um evento deste porte estabelece um senso de grandeza de nosso movimento entre os juvenis. Eles passam a ter um conceito positivo de sua Igreja, eliminando eventuais complexos de inferioridade", esclareceu o Pastor Michael Stevenson. Ou, nas palavras do Pastor Cláudio Martin, da União Austral: "Esta é uma experiência que os desbravadores não irão esquecer jamais. Eles adquiriram a idéia de que integram uma Igreja forte, numerosa. Não é somente o grupinho de onde vieram. Formam parte de uma Igreja mundial. Essa impressão os afirmará dentro da Igreja!"

Matéria Extraída da Revista Adventista
Paulo Kol e Paulo Pinheiro, enviados especiais. •

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