Como escolher
corretamente meias de Trekking
Fosse possível apontar qual o
equipamento de montanha mais desprezado por praticantes de trekking ,
especialmente quem está iniciando, a resposta que mais se repetiria: meias
de trekking. Isso porque muitas pessoas acreditam que uma meia para
corridas urbanas, e até mesmo os modelos de algodão vendidos largamente em
supermercados, servem para uma caminhada. Este tipo de escolha tem uma
justificativa: o preço relativamente salgado para um bom equipamento para trekking.
Acostumados a sempre visualizar os
preços de meias comuns ao compararem com as meias de trekking, as
quais possuem vários detalhes tecnológicos que não saltam aos olhos, parece a
escolha óbvia ignorar este tipo de equipamento.
Entretanto o pior erro que um trekkeiro pode cometer
é querer improvisar qualquer equipamento no uso de montanha. Não
confundir TER de improvisar (porque aconteceu algum
imprevisto) do que pensar que algum equipamento é “desnecessário”. Não há
dúvida de que é absoluta imprudência sair de casa para a montanha com um cobertor
para dormir em um acampamento (em vez de levar um saco de dormir), barracas de qualidade
inferior (em
vez de levar uma com hastes de alumínio), levar
miojo para comer (em
vez de comidas sem tanto sódio e sal) e, claro, usar meias de algodão compradas
no supermercado mais próximo (em vez de utilizar meias de trekking apropriadas).
Consequências
de meias erradas
Antes de saber os detalhes de cada meia de trekking é
importante listar quais são as consequências de utilizar um produto inadequado.
Parece desnecessário falar mas é planta do pé o lugar do corpo que mais
aparecerão as consequências de sua escolha errada.
- Bolhas: Tecnicamente as bolha nos pés são pequenas bolsas cheias de líquido e que
se formam na camada superior da pele do pé. Estas bolhas são causadas pela
fricção repetida, ou esfregamento, da pele com o calçado.
- Frieiras: É uma infecção conhecida popularmente como
pé-de-atleta causada por fungos. Este tipo de infecção atinge
principalmente a região entre os dedos dos pés. Sua causa é a mesma das
bolhas: atrito excessivo, excesso de umidade, falta de higiene pessoal e,
mais importante, pelo suor excessivo dos pés. Pode vir acompanhada de uma
infecção bacteriana e , por isso, sua cura pode demorar vários meses.
- Micoses: É o nome genérico dado a várias infecções
causadas por fungos (que estão em todo lugar) que se reproduzem da origem
a um processo infeccioso que, dependendo do fungo ou da região afetada,
pode ser superficial ou profundo. Para montanhistas a mais comum é a onicomicose, uma infecção
fúngica da unha dos pés. O tratamento é longo. Há também um outro tipo
chamado a tinha negra, que são manchas marrons ou negras nos pés.
Estes sintomas acima são muito comuns
para quem arrisca a fazer um trekking com meias de algodão. Isso porque este
material acumula muito líquido oriundo do suor excessivo dos pés (lembre-se que
estará de botas ou tênis em um trekking), estando rapidamente encharcadas.
Importante lembrar que este excesso de umidade não necessariamente é água
somente, tendo sais minerais expelidos pelo sor dos pés e, por isso, contribuem
para o aparecimento de bolhas, frieiras e diversos tipos de micoses.
Portanto, principalmente para quem é
mochileiro, trekkeiro e montanhista, o ensinamento a ter neste primeira sessão
é deixar para usar as meias de algodão durante os passeios no shopping center e
ir trabalhar. Este tipo de meia é para ser usada durante curtos períodos de tempo
do dia (como as suas horas de trabalho que fica apenas sentado) e não para um
trekking (seja qual for a sua dificuldade).
Meias de Trekking
As meias mais comuns, e essenciais para a realização
de um trekking, são as de lã sintéticas vendidas em lojas especializadas em
esportes de montanha. Algumas pessoas arriscam comprar este equipamento usado,
o que para muitas pessoas é uma escolha no mínimo polêmica. Isso porque uma
meia usada já possui vários elementos, como os fungos, que pertencem a outra
pessoa. Se mesmo assim não se sentir intimidado a comprá-la vá em frente.
Algumas pessoas arriscam a usar meias de lã comuns,
mas esquecem o fato de que absorvem até 30% de seu peso próprio em umidade. A
taxa é sensivelmente menor do que uma meia de algodão, mas que ainda assim pode
comprometer a saúde dos pés. Algumas pessoas ainda arriscam indicar este tipo
de meias de trekkings curtos,
de preferência em ambiente seco, porém esquecem de que cada pessoa possui uma
intensidade de sudorese diferente da outra. Por isso este tipo de escolha fica
para quem gosta de improvisar equipamentos e ter a sensação de que está
arriscando sua saúde.
Existem várias empresas que se dedicam a fabricar
meias técnicas para atividades outdoor, e é contraproducente ficar citando
modelos. Isso porque para cada tipo de trekking (fácil, mediano, difícil,
travessia,, etc) existe um tipo de modelo e meia mais indicada. Entretanto
existem propriedades que devem ser observadas:
A) Ajuste da Meia
O ajuste e adaptação da meia aos pés é o primeiro
aspecto a analisar no momento de escolher uma meia de trekking. Algumas fibras
sintéticas, como a lycra, é usada com
frequência para dar este ajuste às meias de trekking e permite um ajuste mais
acentuado nos modelos. Uma boa meia de trekking deve possuir pelo menos 4% de
lycra em sua composição.
Em uma meia de trekking de qualidade a fôrma da meia
também faz a diferença, por isso quanto maior anatômica a meia for, melhor para
sua circulação de pernas e pés. Um outro aspecto que deve ser levado em
consideração é de que existem pés de vários tipos e, por isso, as marcas
procuraram estabelecer medidas para a largura dos pés, para assim ser o mais
confortável possível.
Assim é importante perguntar ao vendedor se há modelos para pés
largos, estreitos, femininos e gigantes. Por isso não de deve prestar atenção
somente ao tamanho dos número que calça. No geral ela deve ser macia para a
parte de dentro (dando sensação de conforto) e resistente doo lado externo
(para aguentar o atrito com a bota).
B) Transpiração
A transpiração nas meias de trekking está diretamente
relacionada com o material que faz parte dela, além do tip de construção
diferenciado que a marca realizou. Por isso algumas empresas apostam na
combinação de tecidos como estratégia para facilitar ao máximo a evaporação do
suor e umidade dos pés. Portanto é fundamental que as meias de trekking sejam
muito respiráveis, e que evaporém com eficiência o suor produzido pelos pés.
Muitas pessoas ignoram o fato de que os pés suam tanto no verão
quanto no inverno, por isso é fundamental o uso de meias de trekking para a
estação apropriada também. Por isso a busca pelos pés secos deve ser
interminável.
C) Costuras
As costuras em uma meia de trekking depende muito da sua forma
de fabricação pois, em geral, estão nos lugares que menos incomodam o usuário
nem possam roçar a pele. Isso porque quanto menos uma costura roçar a pele
melhor. Uma meia com costuras salientes é um indicativo de um produto de baixa
qualidade que pode comprometer a mobilidade do montanhista.
As costuras devem estar, portanto, o mais escondidas possíveis
e, se possível, imperceptíveis.
D) Reforços
Uma meia de trekking deve possuir reforços em sua estrutura estrategicamente
localizados. Geralmente, pois depende muito do fabricante e do design do
produto, os reforços das meias de trekking estão localizados na parte dianteira
(para proteger os dedos) e traseira (para proteger o calcanhar).
Estes reforços também servem de amortecedor de impacto para
diminuir o atrito com o calçado e, assim, prolongar a vida útil do equipamento.
E) Altura
A altura de uma meia de trekking tem de ser superior à parte
mais alta do calçado de montanha. Esta é uma regra que não tem exceção. Isso
tem um motivo bem simples: evitar que a pele fique rolando o calçado e assim
crie assaduras e irritações oriundas do atrito.
Meias altas também evitam que aranhas e carrapatos piquem a
parte inferior da perna. Meias de trekking com canos mais altos também
evitam que entre dentro da meia pequenas pedras e areia, que causam desconforto
durante a caminhada.
Principais tecnologias
Cada marca de meias de trekking possui uma tecnologia diferente
para seus produtos. Dentre todos os fabricantes de meias de trekking as
principais tecnologias são: Coolmax, Merino Wool e Tencel.
No geral não há uma meia 100% de um material somente, sendo ela
um conjunto de vários materiais, cada qual com uma tecnologia em uma parte. Por
isso é necessário ler a composição de sua meia para saber o que ela possui e
saber para qual tipo de condição climática ela é mais indicada.
- Coolmax – Feita de
poliéster com uma grande área superficial desenvolvida para manter o
trekkeiro seco e confortável. Esta fibra possui de 4 a 6 canais que criam
um sistema de transporte de umidade para evaporar e termo-regular os pés.
- Merino Wool – é uma lã
muito fina obtida das ovelhas da raça merino, desenvolvida originalmente
na Espanha e França e é extensivamente cultivada na Austrália. Suas
fibras, por serem naturais, são mais sedosas e longas aquecendo os pés
mais eficientemente, possuem uma elasticidade muito maior que as lãs
comuns, além de serem respiráveis (o que a torna atrativa para quem
pratica esporte outdoor). Dentre as suas propriedades está a de ser
lavável (pois não encolhe), resistente à manchas, além de não guardar
odor.
- Tencel – O tecido é
Tencel é obtido através de uma fibra chamada lyocell É a fibra considerada
ecologicamente correta, o que não necessariamente é verdade (utiliza
vários produtos como solvente e vários litros de água para dissolvê-lo). O
Tencel é obtido a partir de uma fibra de celulose obtida a partir da polpa
de madeira usando nanotecnologia fazendo com que as fibras possuam alto
poder de evaporação e absorção da umidade. Também é conhecido por ser um
excelente inibidor de multiplicação de microorganismos.
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